“Um dia, perguntei para o psiquiatra: sou bipolar? Ele
me disse: de bipolar você não tem nada. Você é sincera e tem sentimentos
intensos. E me explicou a origem da palavra sincera, que vem do latim e
significa “sem cera”. Antigamente, carpinteiros e escultores usavam cera para
disfarçar os defeitinhos de esculturas e móveis de madeira. Então, eles
lixavam, passavam verniz e tudo ficava aparentemente perfeito e em ordem. O
aspecto das peças era magnífico. Com o passar do tempo, do frio, calor e uso, a
cera ia se desmanchando e os defeitos iam ganhando vida. Sinceridade é “sem
cera”, ou seja, sem máscaras, sem retoques, sem querer ser o que não é. Achei
bonita a explicação dele. E triste. Dói ser “sem cera”. “
— Clarissa Corrêa